quarta-feira, 13 de março de 2013

Capítulo 70


- Bom dia. - Gemma disse entrando na cozinha, a olhei sorri e voltei a olhar para o armário - Procurando alguma coisa?
- To, mas ta difícil. - disse e finalmente encontrei o que eu queria.
- Nutella?
- Nutella! - afirmei sentando na cadeira ao lado de Gemma.
- Bom dia. - Harry disse entrando na cozinha, ele beijou a testa de Gemma e me deu um selinho.
- O que a gente vai fazer hoje? - Gemma perguntou animada, Harry a olhou com cara de "como é?"
- A gente? - ele perguntou e ela assentiu - A gente, eu e Miley, vamos sair, vocês eu já nao sei.
- Grosso. - disse olhando pro Harry e ele arregalou os olhos - A gente, todos menos o Harry, vamos sair, ir pro shopping, cinema... Essas coisas.
- E eu? - ele perguntou alto.
- Você vai passar uma tarde com os meninos, já que nao faz isso há muito tempo, sei lá, vai jogar golfe.
- Eu também quero jogar golfe. - Rob disse entrando na cozinha seguido de Anne.
- Então pronto, os dois homens da casa vão jogar golfe, e nos, vamos ao shopping. - Gemma disse sorrindo.
- Claro. - Anne disse sorrindo - Vai chamar a sua mãe, Mih?
- Boa idéia, - disse sorrindo, ela sorriu também - vocês vão ter mais um jogador com vocês hoje.
- Eba. - Harry disse sem animação nenhuma e revirou os olhos, ele ficou de pé ao meu lado e eu o abracei.
- Quem quer waffles? - Anne perguntou e todos levantaram a mão na hora, ela começou a rir.

(...)

- Mas já vão? - perguntei abraçando minha tão amada sogra.
- É, estamos com saudade de casa e também sabemos que Harry esta irritado, porque a casa nao estava mais só de vocês. - ela disse e sorriu me tranqüilizando.
- Ah que pena. Mas voltem sempre. - disse e nos abraçamos de novo.
- Você é uma menina de ouro, Mih. Nunca vi o Harry tão feliz assim.
Sorri alegremente porque eu nao sabia o que falar, ela passou a mão no meu cabelo e entrou no carro. Harry me abraçou de lado e vimos o carro deles ir embora.
- Finalmente sozinhos.
- A gente nunca ta sozinho, amor. - disse sorrindo e ele também sorriu.
- Desculpa filho. - ele disse olhando pra minha barriga.
- E se for filha?
- E se forem gêmeos? - ele disse e vi seus olhos brilharem.
Entramos em casa e eu estava cansada das compras que fizemos hoje, subi para o quarto e entrei no banheiro. Abri o chuveiro e entrei no mesmo molhando meu cabelo e os ombros, a água quente relaxava meu corpo quando eu sinto Harry me abraçando.
- Deixa eu lavar seu cabelo? Cê sabe que eu amo fazer isso. - ele disse com voz de pidão, sorri e assenti com os olhos fechados, ele beijou minha testa.

(...)

- Sono? - Harry perguntou quando eu virei de costas pra ele na cama.
- Muito. - disse e ele beijou meu cabelo e abaixou o volume da tv.
- Dorme bem, amor. - ele disse e eu fechei meus olhos.
Dormi na hora, eu estava cansada demais. Mas acordei novamente, pois algo estava em incomodando. Levantei me sentando ao lado de Harry que me olhava assustado.
- Ta bem? - ele perguntou e eu pisquei algumas vezes por causa da luz da tv.
- Eu to... molhada. - disse devagar e tirei o cobertor que me cobria.
Parei de respirar, tinha uma sangue no colchão, meu sangue.
- Harry... eu menstruei. - disse sentindo meus olhos queimarem por causa das lagrimas.
- Calma. - ele disse e se levantou em um pulo, ele correndo veio ao meu lado da cama e me pegou no colo. Não, não, por favor, não. Isso não.
Ele desceu as escadas e entramos no carro, ele estava nervoso e eu em choque, ficava repetindo sem parar "Mas eu menstruei", era a única coisa que tinha na minha cabeça. Harry dirigia rápido e sempre queimava os faróis, ele estava nervoso, com medo. Eu também estava, ele colocou a mão em cima da minha perna e a apertou um pouco. Chegamos na clinica, ela estava aberta, Harry parou o carro de qualquer jeito e saiu do mesmo indo para o meu lado, e me pegando novamente no colo, entramos na clinica e ele começou a gritar coisas que eu não intendia direito. Ele me colocou em um cadeira de rodas e um enfermeiro me levou ao uma sala, no caminho Harry segurava na minha mão, Harry me pegou novamente no colo e me colocou em uma mesa, ela era fria e fiquei incomodada. Depois de uns segundos uma doutora diferente entrou e rapidamente me avaliou, ela colocou uns aparelhos em mim e Harry ficava olhando para o monitor enquanto roía as unhas. Fechei meus olhos e senti uma dor enorme no peito, meu blip... Meu pequeno e vulnerável blip, não me deixe, eu preciso de você.
- Miley. - abro os olhos e vejo Harry chorando muito, ele soluçava e estava com o rosto vermelho, olhei para a sala branca que eu estava, encontrei a mesma mulher de ontem.
- Olá senhorita Jones, meu nome é Sam, sou uma doutora de plantão. - ela disse calmamente, mas vi que ela estava se controlando.
- Amor o que foi? - perguntei para Harry que chorava sem parar, tentei levantar mas estava com aparelhos grudados em mim e estava com uma dor enorme da barriga que me fez quase gritar.
- Miley... - Harry choramingou e eu estiquei minha mão e ele a pegou sentando na ponta da cama.
- O que aconteceu? - perguntei passando a mão no rosto dele tentando secar as lagrimas.
- Então senhorita Jones, é que... - a doutora sei lá o nome disse - Ontem você e o seu noivo vieram para cá, pois você menstruou. - ela disse e eu me lembrei, a dor na barriga... Quer dizer que eu...
- Perdi o blip? - perguntei com a voz rouca e lagrimas começaram a cair.
- Perdeu. - Harry respondeu e agora ambos chorávamos inconsolavelmente.
O meu bebê, meu tão amado bebê se foi, para sempre. E a culpa é minha, eu deixei isso acontecer, eu deveria ter ido para o médico desde o começo, mas não. A burra aqui tem que ser teimosa e não ir, eu fiz ele morrer, a culpa é minha.
- Meus pêsames, vocês não nada a fazer, ele só morreu, ainda não sabemos a causa, a senhorita se alimentava bem, sua saúde é ótimo, é só que... - ela dizia tentando nos acalmar.
O choro de Harry estava parando e eu meu só aumentando a cada segundo. A dor na minha barriga estava muito forte, mas a dor de eu perder meu filho era maior, muito maior. A pior dor do mundo, meu coração parecia sangrar por dentro.

(...)

- Chegamos. - Harry disse quando entramos em casa, ele deixou as malas no chão (sim, malas, eu passei dois dias no médico ate a dor na barriga melhorar, ela ainda doía mas os remédios estavam ajudado muito).
- Eu vou... - disse mas não consegui terminar a frase, apontei para cima e Harry só assentiu.
- Amor, nos podemos tentar de novo, daqui uns meses quando você já estiver melhor. - Harry disse entrando no nosso quarto.
- Harry, você não precisa... - nao consegui terminar novamente a frase, as palavras só não conseguiam sair - A gente não precisa mais fazer isso. Você não precisa fingir novamente.
- Fingir? Você acha que eu não queria ele? Você acha que eu realmente não queria me casar com você?
- Harry, você não imagina a dor que eu to sentindo. - disse e ele se ajoelhou na minha frente.
- Eu senti essa dor. Mas você com certeza ira sofrer mais, você carregou essa criança, é claro que você criou um afeto. Isso é natural. - ele dizia devagar como se pensasse muito bem antes de falar - Nos vamos sim nos casar, e quando você quiser, quando estiver preparada, vamos ter filhos, quantos você quiser. - ele disse e beijou minha coxa, eu tentei sorrir, eu juro que tentei, mas não consegui. Eu não estava feliz, nem aliviada ou com pensamentos positivos, eu estava triste, acabada e morrendo por dentro.

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